Data de publicação: 09/03/2017

Ato Público

Palestra do Dia Internacional da Mulher se transforma em ato público

Cerca de 100 mulheres trabalhadoras que prestigiaram o evento do Sintrivest se comprometeram em ir à luta contra as Reformas Trabalhista e da Previdência na próxima semana

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Palestra do Dia Internacional da Mulher se transforma em ato público
Na noite desta quarta-feira, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Brusque e Guabiruba (Sintrivest), realizou no auditório da entidade uma palestra sobre os reflexos negativos das Reformas Trabalhista e Previdenciária na vida das mulheres. O evento contou com a presença da professora e advogada, Dra. Elsa Cristine Bevian, de Blumenau.
“O Dia Internacional da Mulher é uma data de reflexão que remete às mulheres tecelãs que morreram carbonizadas em uma fábrica de Nova York, em 1857, enquanto reivindicavam melhores salários e condições de trabalho. Hoje, depois de tantos anos, percebemos que é preciso continuar esta luta. Estou emocionada pelo o que vivemos juntas no evento desta noite, que contou com a presença de cerca de 100 mulheres e no qual se definiu a realização de um ato público. Precisamos estar atentas, vigilantes, se unir e ir para as ruas dizer o que esperamos deste governo. Aprovar esta reforma é um retrocesso e nós temos que fazer algo pela sociedade brasileira, precisamos reagir” avalia a presidente do Sintrivest, Marli Leandro.
O ato público, que deve reunir não apenas mulheres, mas também trabalhadores e aposentados, foi marcado para a próxima quarta-feira, dia 15 de março, às 16h, no Centro de Brusque. O ponto de encontro dos manifestantes ainda será definido e divulgado.
“Foi fundamental a escolha deste tema para marcar nosso tradicional evento em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Nosso papel, enquanto entidade sindical, é permitir que as informações corretas cheguem até o trabalhador e muitos ainda não tinham conhecimento deste pacote de maldades. Então todos puderam se apropriar das informações, entender quais são as intenções do governo e de que maneira as aprovações vão afetar a classe trabalhadora e, em especial, as mulheres”, conta Marli.
Ao final do encontro, sem nenhum direcionamento específico, as mulheres participantes do evento falaram sobre a vontade de se manifestarem publicamente contra a aprovação das Reformas Trabalhista e Previdenciária. A data e local foi definida em conjunto, logo na sequência.
“Então convoco as mulheres, os trabalhadores em geral e aposentados, para participar deste ato público. É algo que já estou alertando há muitos dias e agora resta pouco tempo. Temos que reagir diante de tudo que está sendo proposto para a classe dos trabalhadores”, enfatiza Marli.


As principais mudanças

A professora e advogada, Dra. Elsa Cristine Bevian, também falou sobre essa urgência de mobilização. “Sempre é tempo de lutar. Mas agora é urgente que os trabalhadores digam não aos projetos que estão tramitando no Congresso Nacional. Temos que ir para as ruas, mostrar nossa indignação e dizer que não concordamos com estas propostas. É a hora de chamar os vizinhos, os amigos e os familiares para o protesto contra as reformas porque elas afetam negativamente todos os trabalhadores e, inclusive, os aposentados, já que os reajustes serão desvinculados do Salário Mínimo”, observa Elsa.
Segundo ela, a Reforma Previdenciária é rigorosa. Hoje, as mulheres têm direito à aposentadoria a partir dos 48 anos. Com a mudança na lei, as mulheres só poderão requerer o benefício a partir dos 65 anos. “E a gente sabe como o mundo do trabalho funciona, nesta pressão psicológica de produzir mais e com qualidade, em menos tempo. Trabalho há 30 anos e garanto que nunca as pessoas adoeceram tanto como nos dias atuais, porque a pressão e o ritmo de trabalho são grandes. Difícil imaginar como será possível manter este ritmo até os 65 anos” detalha.
Sobre a Reforma Trabalhista, Dra. Elsa elenca duas questões que considera mais graves. A primeira é sobre a terceirização. “Isso não melhora a vida dos trabalhadores e nem oportuniza melhores condições de trabalho. Ao contrário, a situação fica ainda mais precária e, o salário, menor. O segundo ponto é que as questões negociadas passam a ter mais valor do que as questões legisladas. Quem acompanha as negociações coletivas sabe o quanto isso é difícil. Hoje lutamos para manter direitos conquistados ao longo dos anos. Imagina se isso for aprovado: vai ser difícil o trabalhador dizer não ao patrão, porque ele precisa do emprego e do salário”, destaca.