Data de publicação: 26/10/2016

Congresso

Relação capital x trabalho em debate no 9º Congresso da CNTI

Presidente do Sintrivest, Marli Leandro, participa do evento, ao lado de mais 800 líderes sindicais

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Relação capital x trabalho em debate no 9º Congresso da CNTI
Encerrou nesta quarta-feira, 26 de outubro, o 9º Congresso Nacional dos Trabalhadores na Indústria do Plano da CNTI, realizado em Luziânia (GO). A presidente do Sintrivest, Marli Leandro, acompanha a comitiva catarinense no evento, que reúne mais de 800 líderes sindicais de todo o Brasil. O objetivo do encontro era discutir a conjuntura atual e seus impactos no sindicalismo, a estrutura sindical e seu custeio, a relação entre capital e trabalho, as perspectivas e contradições sobre a proposta de reforma da Previdência Social, a igualdade de oportunidades e discriminação e o meio ambiente que, por suas peculiaridades, alcançam todos os grupos da Confederação.
“Foi um evento muito importante, no qual foram discutidos vários temas. Nesta quarta-feira aprovamos os relatórios finais e uma carta será entregue às autoridades. Trabalhamos na questão do que precisa ser feito e de que forma o movimento sindical e a classe trabalhadora devem se portar diante de tudo que vem por aí. Agora nos resta continuar a luta, porque não se pode permitir o retrocesso”, afirma a presidente do Sintrivest, Marli Leandro.
Segundo ela, todos os palestrantes que participaram do Congresso reforçaram a questão do golpe que aconteceu no país e da farsa como tudo é apresentado, em especial a PEC 241. “É um retrocesso e quem será penalizada é a classe trabalhadora. Isso é muito preocupante. Não podemos aceitar porque quem vai pagar a conta no final serão os trabalhadores”, enfatiza Marli.
Com a presença expressiva de líderes sindicais de todo o país, foi possível conhecer a realidade de outros Estados e trocar informações sobre o cenário político e econômico de cada região. “Todos estão preocupados com o desemprego e o que ainda poderá vir se o Brasil não conseguir mudar sua estratégia de governo. O que ficou muito claro é que o ponto crucial se trata da questão financeira. Tudo gira em torno do capital”, salienta Marli.


Relação capital x trabalho

“Vivemos um momento de rompimento da democracia para mais exploração que vai trazer a conta pesada mais uma vez para a classe trabalhadora”. A afirmação foi feita pelo desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 10º Região - Distrito Federal e Tocantins, Grijalbo Fernandes Coutinho, ao abrir a palestra “A questão do trabalho: relação capital trabalho e os aspectos invisíveis da flexibilização”.

A palestra antecedeu os debates, na manhã de terça-feira, 25 de outubro. O desembargador abordou a introdução do sistema capitalista no mundo e no Brasil, ressaltando a característica da exploração do trabalho pelo capital.

No Brasil, segundo ele, a inserção no capitalismo se deu de forma mais precária, com alto grau de exclusão social, devido ao processo de colonização, que vem refletindo até os dias atuais, quando está em pauta a reforma trabalhista e mudanças na Justiça do Trabalho. “Por conta da pressão dos trabalhadores, o Congresso Nacional, que tem viés conservador e empresarial, não conseguiu ainda fazer a reforma da maneira como deseja. Mas o Supremo Tribunal Federal vem fazendo uma reforma silenciosa”, alertou.

O tema foi compartilhado com o desembargador aposentado do TRT 3º Região - Minas Gerais, Márcio Túlio Viana, pós-doutor em Direito pela Universidade de Roma. Segundo ele, quanto mais se flexibiliza a legislação trabalhista, mais dura ela se torna para o trabalhador e mais rígida é a reação do movimento sindical.

“À primeira vista, a Justiça do Trabalho é democrática, mas a realidade pode não ser exatamente essa. A própria legislação trabalhista tem coisas que não vemos, ou vemos, mas interpretamos de forma diferente”, disse. E alertou para a gravidade da proposta que estabelece a prevalência do negociado sobre o legislado. “A negociação sempre foi usada para aumentar direitos, hoje, às vezes, ocorre para diminuir e o trabalhador aceita para não perder o emprego”.


Fonte: CNTI